
Não partas já…Ouve o que ainda tenho para te dizer… Remexendo as cinzas do passado, encontrei um cristal que ainda reluz… As cartas… os postais… o postal… o último postal… A lembrança de um tempo que não tem fim… A recordação intemporal da mais bela história… a nossa história… A voz… o timbre da tua voz que calava a poluição sonora. O sorriso… o teu sorriso que dava mais cor às pedras do Arquinho. As brincadeiras… o espelho da nossa infantilidade… A porta da tia velhinha… O smoking… A timidez disfarçada pelo riso estridente que fazia eco nas muralhas… O aviso da partida… duma partida sem regresso. As lágrimas entrecortadas por promessas… Os beijos… os cálidos beijos, cátedra do nosso amor. Mais tarde a aparição na tua praia, onde todos se atropelavam mas só nós existíamos… Olhares suspensos… palavras mudas… inquietude traduzida em silêncio… Corri para o mar na esperança de afogar uma visão que me cegou. Infrutíferas braçadas… A âncora partiu-se… Resta-me a estrela, a nossa estrela que irá perpetuar um sonho que foi nosso.